Foi descoberto pelo geólogo Hubbert na década de 70 nos EUA quando previu o fim das reservas petrolíferas americanas, que foi sucedido por uma crise no abastecimento naquele país. Hoje os EUA e a maioria dos países “desenvolvidos” dependem de fontes externas de petróleo, carvão mineral e energia para aquecimento, transporte, movimentação de máquinas e industrias. Isso é a causa das principais guerras da atualidade: Siria, Afeganistão, Iraque, litígios com a Venezuela e alguns outros países latino-americanos; tudo tem a ver com o “ouro negro”.
No gráfico acima, você vê que o máximo de produção de todas as reservas mundiais foi atingido antes de 2010 e agora é “descer morro”.
Há umas outras tecnologias extremamente poluidoras para tirar petróleo como o “fracking”, que é um pouco mais barato e a qual os EUA se apegam para não decretar o fim completo de suas reservas, num país que é movido a petróleo e combustíveis fósseis.
Mas a verdade é que acabou a era do Petróleo barato no mundo. Agora é acompanhar o declínio na descoberta das reservas e o aumento dos preços, pois como aumenta a profundidade de extração no subsolo, aumentam também os custos de produção.
Não é óbvio?
Afinal petróleo não é renovável. Petróleo não dá em árvore.
Nos trópicos, nossa maior fonte de energia renovável, que é a camada de carbono que cobre nossos solos e que garante o crescimento de alimentos, está queimada. Foi usada tirando madeira para abastecer de carvão e outros itens a Europa ou lixiviada, assoreada e incendiada para criar pastos e monoculturas.
Essa é a camada fértil, orgânica, da terra e foi reduzida a menos da metade. Por isso, agricultores não conseguem mais cultivar os solos sem comprar adubos químicos, provindos de petróleo e outros minerais. As monoculturas de soja, milho, os pastos, o café também dependem de tratores e petróleo e GASTAM PELO MENOS 10 CALORIAS DE ENERGIA DO PLANETA PARA PRODUZIR APENAS TRÊS. Vale a pena?
Ou seja, até na agricultura, que poderia ser renovável, abundante e sintrópica, estamos queimando combustíveis que são fósseis e, portanto, finitos.
Um futuro de baixa energia, gráfico de um dos pais da permacultura: David Holmgren
Detergente, bife, roupa, carro, descarga, consumo são SIM responsáveis por isso. Sabemos que dói e dá vontade de dizer que é exagero, mas é melhor encarar isto o quanto antes e preparar-se para a GRANDE VIRADA.
Segundo David Holmgren, cocriador da permacultura, a Grande Virada é o momento em que chegamos ao máximo do possível para nossa cultura de necessidades ilimitadas ou infinitas para um mundo de recursos limitados ou finitos.
Nesse máximo, a solução mais indolor seria optarmos por uma descida gradual, criando uma cultura de sustentabilidade e limites ao consumo em nossas escolhas.
Se não fizermos essa opção pela simplicidade, a “descida”ocorrerá também, mas será mais “traumática” para todos/as.
Sim, estamos falando de DECRESCIMENTO pois mesmo uma base energética renovável, de biomassa e biodiesel, e solar fotovoltaica não conseguirá sustentar o “esbanjamento e a luxúria” de nossa condição atual.
Peter e Guilherme Arueira fazendo um Aquecedor Solar de Baixo Custo, com boiler experimental de materiais reaproveitados.
Permacultura e novos hábitos:
Quem já tem consciência, precisa começar a dar os passos necessários. Encontrar felicidade na simplicidade, abdicar dos confortos excessivos, buscar viver com menos.
E quais as opções para um futuro de baixa energia?
- Usar recursos locais, valorizar os saberes específicos e tradicionais de cada lugar, apontando para a diversidade de hábitos, pois para não depender de petróleo, importando alimento e adubo de longe, é bom aprender a comer o que tem: quanto mais ao Equador, menos trigo e mais mandioca, batata-doce, e frutas locais.
- Nas cidades já existem diversas hortas urbanas, praças produtivas, feiras de agricultores/as locais e periurbanos! Apoie estes projetos e consuma consciente!
- Diminuir nossa dependência de petróleo (gasolina, plástico, descartáveis), de queima do carvão, de energias insustentáveis como as grandes hidrelétricas, optando por produtos locais, energias renováveis e tecnologias que armazenam e reaproveitam ao máximo a energia que utilizamos antes de dissipá-la.
Reutilização das águas cinzas de cozinha e lavanderia para regar pés de fruta, pequenos lagos para criar peixes em quintais de menos de 100 metros quadrados, fossas que aproveitam o esterco humano para plantar bananeiras e mamão são algumas possibilidades da cultura permanente.
– Fechar nossos ciclos. Devolver à terra o que ela nos dá. (Veja no blog o artigo: Basón? sobre banheiros secos) Os animais devolvem à Terra o que comem na forma de adubo. Quando damos uma descarga na nossa privada molhada, nós jogamos esse adubo, bom pra nossa Terra, no rio e no mar. (Ou vai pra estação de tratamento aonde gasta-se muita energia e químicos para torna-lo inerte e sem vida.) Quando os astecas começaram a passar fome, a solução foi criar ilhas de cultivo no meio da água fertilizadas pelo adubo humano: as Chinampas.
Algumas tecnologias que podem ajudar: foco no pequeno, lento, baixo custo, reaproveitamento e fechamento dos ciclos, simplicidade voluntária, ética do cuidado