Veganismo, crudivorismo, frugivorismo, jejum dos 21 dias… A nossa alimentação pode ser de muitos jeitos e a forma como ensinam a pirâmide alimentar vai muito além do “preciso de proteína”.
Hoje, uma das questões principais sobre esse tema ainda não está sendo discutida: a necessidade de alimentos frescos e vitalizados. Nossos solos estão tão pobres que isso resulta em nutrição inadequada para nós.
Essênios…
Por isso, os essênios enfatizavam tanto a importância de comer o que dá na terra em volta de você, ser simples nos hábitos, ou seja, colher o próprio alimento.
Sem ter geladeira há 7 anos, ainda assim é possível comer bem. Nossa família é a prova disso, mesmo em momentos de mudança quando não temos horta. E como?
Aí vão algumas dicas:
– Faça amizade com agricultores(as) familiares nas feirinhas. A fartura das pequenas propriedades é impressionante. Fruta perde no pé. Mais aí a gente tem que aprender a comer o que tem e importar menos as coisas de fora.
– Consuma o que dá nas hortas locais e pés de fruta, de acordo com a época. Assim diminui-se também o consumo de agrotóxicos. Passeie por aí coletando (e trocando) frutas nativas ou descobrindo antigos pomares e colha pequi, jatobá, ingá, maracujá do mato (varia em cada lugar, é óbvio).
Dica: Rale o jatobá e faça uma farinha que é muito nutritiva e protetora dos pulmões. Fica delícia no mingau e na granola. E não tem o cheiro característico do jatobá.
Procure valorizar o que é produzido por sua comunidade fomentando a economia local, e pesquise alimentos não-convencionais: plantas rústicas e autossuficientes que não dependem de grande gasto de energia do planeta (água e petróleo) para serem produzidas.
Na volta da espiral pós-globalização, busque valorizar as culturas e tecnologias ancestrais, adaptadas ao seu lugar:
– Aonde não dá trigo (ou dá, mas gasta-se muita energia para produzir), dá mandioca e, portanto, polvilho. Se não tem pão, tem tapioca.
– Aonde não dá maçã, pode dar maracujá, abacate, manga, jatobá e pequi sem muito esforço.
– Aonde não dá batata “Mac Donalds” (ou se dá tem bastante agrotóxico), pode dar batata-doce e inhame.
Alimentos locais: menos petróleo, impactos controlados
Ainda com relação a farinhas, procure evitar a de trigo refinada (a branquinha, o pó que vicia) que pode causar alergias e entupir os intestinos e varie com opções locais como a farinha de jatobá, a farinha de banana-verde e o tradicional fubá.
Para produzir arroz e alface em grande escala, em certas regiões e climas, é preciso considerar altos custos de produção e gasto de água. Por isso, privilegie opções com ingredientes abundantes localmente como milho e abóbora, além de saladas com hortaliças não-convencionais como serralha, almeirão roxo, vinagreira e beldroega, além de capoeraba e folha de batata-doce para o suco verde.
Cuidado com o leite que estimula a produção de catarro no corpo e transforma em pasto as florestas, tão necessárias à recarga de nossas nascentes. Se você desejar consumi-lo é bom seguir as dicas da Ayurveda para aumentar sua digestibilidade, colocando especiarias que aquecem e cortam a gordura, como sementes de mostarda, pau de canela, gengibre. Ou ainda consumir o iogurte. Mas se você é mineiro como eu, quem sabe não encontra um queijo, tradicional da região, produzido por pequenos agricultores(as) familiares locais.
Óleo refinado ou óleo de coco?
Abolir os óleos industriais de soja, girassol e milho, oriundos de monoculturas e grandes corporações cujos processos de produção destroem o meio-ambiente. Uma dica é usar óleo de coco para cozinhar. É mais caro? Bom, compre logo um balde grande e, com isso, diminua bem os custos. Além do mais, os óleos refinados industrializados passam por processos de produção duvidosos que incluem inclusive adição de ingredientes petroquímicos, um verdadeiro assassinato da nossa saúde. Com o uso do óleo de coco na culinária e suas propriedades anti-inflamatórias, notei que minhas crianças não tem resfriados, gripes e coriza, mesmo no inverno pesado aqui da minha região.
Prefira melado e rapadura produzidos localmente e procure não consumir açúcar branco. A cana na forma de melado e rapadura conserva propriedades nutricionais, sendo fonte de ferro e cromo. Já, quando branqueada e refinada, ela perde todo o seu valor e se transforma apenas numa bomba de carboidratos que sobrecarrega o nosso corpo, roubando cálcio dos nossos ossos e causando muco (catarro).
Trabalhando com a natureza e não contra ela, podemos criar sociedades permanentes. Ao contrário, colidindo com as leis naturais, desperdiçando e dependendo de recursos não-renováveis, comemos hoje o que faltará amanhã para as futuras gerações.